As coordenadoras do Centro Social Catavento e associadas da Dignivida - Promoção da Vida Humana juntamente com moradoras do entorno de Barreiras BA participaram, durante 15 dias, de um curso Gastronomia com Frutos do Cerrado promovido pela Atlas Renewable Energy em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI sob a coordenação de Marina Sabino, profissional em gastronomia. O evento formativo teve duração de 50 horas e sua conclusão é hoje (17).
A participação das coordenadoras neste curso gastronômico objetiva integrar as ações socioeducativas regulares no interior das Unidades Catavento. Pois, durante o mês de setembro crianças e adolescentes foram motivados pelos socioeducadores a refletirem sobre o Cerrado e sua importância a partir do tema: Sem Cerrado, sem água, sem vida cuja matéria pode ser vista ao clicar neste link: https://www.dignivida.org.br/noticias/sem-cerrado-sem-agua-sem-vida-1g1-eti. Assim, oportunamente a comunidade Catavento experimentará os quitutes que serão feitos pelas coordenadoras.
A senhora Selsa Rejane, participante da Associação Alto Alegre e da Dignivida, afirma que “o curso é uma oportunidade de qualificar seus conhecimentos sobre os frutos dos Gerais e de aprender a transformá-los em comida e bebida”.
“Eita, que coisas gostosas! Só de pensar dá água na boca”. Disse a senhora Maria Rosa, originária do Sitio Grande, comunidade de São Desidério BA, e coordenadora da Unidade Catavento do Conjunto Habitacional Rio Grande. “Desde menina que aprecio araticum, buriti, cagaita, cajuí, jatobá, mangaba, murici, pequi, pitomba, umbu. Neste curso aprofundo meus conhecimentos sobre a transformação dos frutos do Cerrado que podem virar bolos, quindins, paçocas, pães, sucos, picolés e muito mais”. E acrescentou: “Cerrado bom é buritizeiro em pé e vereda respeitada”.
O Cerrado é um Bioma com mais de 200 milhões de hectares, segundo maior bioma da América do Sul, e cobre 22% do território brasileiro. O Cerrado ocupa 16% do território baiano. É no Cerrado que está a nascente das três maiores bacias da América do Sul (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata), o que resulta em elevado potencial aquífero e grande biodiversidade. São cerca de 10 mil espécies vegetais e dessas 4.400 ocorre somente nos Gerais, ou seja, existem apenas no bioma Cerrado. Considerada a savana mais rica do mundo e também uma das mais ameaçadas, o Cerrado detém 5% da biodiversidade do planeta Terra. O curso de transformação dos frutos do Cerrado tem sua importância de ser uma ação que conscientiza a favor da natureza, permanência das comunidades nativas e cria a cultura do uso do Cerrado de maneira respeitosa e sustentável. O extrativismo vegetal sustentável dos produtos do Cerrado é uma das principais alternativas para manter o “Cerrado em pé”. Além de garantir a conservação do bioma, é uma fonte de renda para as comunidades locais, favorecendo a permanência dos povos tradicionais no Cerrado.
A instrutora Marina Sabino orienta ainda sobre o reaproveitamento de sobras limpas e armazenamento de vegetais, capacidade nutricional dos frutos do Cerrado, higiene e manipulação dos alimentos e a importância e como fazer contas quando do preparo das receitas, o custo do produto e a margem de lucro. Tudo isso na ponta do lápis.
As participantes do curso Gastronomia com Frutos do Cerrado que são vinculadas à Dignivida Promoção da Vida Humana e ao Centro Social e Educacional Catavento compartilharão, brevemente, os conhecimentos para outras mulheres da Rede Catavento através da Oficina “Saberes e Sabores Geraizeiros”.
